Faz um tempo que sinônimo de torcedor da 7A é aquele corneteiro, que fica sentado o tempo todo e torcedor do bem bom, mas hoje venho aqui para defendê-lo.
Sou sócia Libertadores do Cruzeiro, um nome de categoria que homenageia o maior título conquistado até hoje – por duas vezes – pelo time celeste.
Estou sempre lá na primeira fila, tomando sol na cara e no meio do campo. Não é meu lugar preferido devido ao custo, mas é do meu pai que é sócio também e diz que é “o melhor para ver o jogo”. Meu pai é de 1950 e viu o Cruzeiro crescer. Diz até que matava aula pra ver o time do Tostão treinar… conto baixo, mas o invejo.
Meu pai é o típico torcedor da 7A. Corneta, pouco torce e reclama, reclama, reclama… Uns dizem que esse é o típico de torcedor chato, mas o Cruzeiro foi feito desses torcedores “chatos”.
Ontem eu o vi comemorando, sem saber o que aconteceu no gol do Dagoberto, vibrando com o gol do Moreno, xingando o Souza, o Egídio, o Ceará e o Marcelo Moreno…
Mas já o vi chorar também de emoção ao ver a festa da torcida contra o Fluminense em 2006, ficar igual menino pequeno quando fomos ao jogo contra o Flamengo no Maracanã ano passado e ouvir a história de que ele foi pro Rio em 71, no alto dos seus 21 anos, só pra ver a final do Brasileirão com uma turma de atleticanos, pois “gostava de futebol, ora”.
Ouço histórias do Cruzeiro de 66 em contraponto com os de hoje em dia…. “Eu vi Tostão, Dirceu e Evaldo jogar! Como você quer que eu aceite isso?”. É… Perco com todos os argumentos. Mas ele elogia também… Gostava da rapidez do Cruzeiro campeão do ano passado. “Assim que tem que ser”.
E pra exibir, ele ainda escala o Atlético que perdeu o Mineiro pro Cruzeiro de Tostão. Cantar a musiquinha: “Raul na meta / Procópio e Neco / William, Pedro Paulo, Piazza e Natal / Dirceu Lopes, o furacão / E o grande artilheiro Tostão / Evaldo que não é de brincadeira / E lá na ponta corre o Hilton Oliveira…” é fácil, mas agora nem atleticano sabe qual era o time deles na época.
Meu pai, típico de torcedor de 7A, foi chamado de modinha por um torcedor de organizada em 2012. Eu fiquei p***, ele só quis mudar de lugar mesmo e mal deve se lembrar do caso. Com meu pai aprendi que não existem padrões, nem torcedor exemplo e que futebol é bom em quaisquer circunstância.
Máfia Azul veio em 76, TFC existe há 14 anos, e o Mineirão, com a sua 7A, completará 50 anos ano que vem.
Agradeço a festa das torcidas organizadas, mas lembro que o torcedor da 7A, da geral, do 3 e 6, do 9 e 12, da especial atrás das cabines, portão D, C, F, do Barro Preto, das ruas, dos bares, do radinho… estes também são testemunhas do tamanho que somos, inclusive meu pai… e você.
Ótimo texto, ficou muito fera!
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Obrigada \o/
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Republicou isso em Squadra Azzurra.
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Eu e o meu velho somos “piolhos” do 7A, desde sei lá quando…
A explicação é a mesma: Ele gosta de ver o jogo. Também é corneteiro, mas apenas reclama do time sem ficar vaiando com 5 minutos de jogo.
O clima ali no 7A melhorou bastante com a TFC. Ficamos logo no 329, pega um bom ângulo e fica ali do lado da “turma da bagunça”, como diz ele.
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Meu pai não vaia de jeito nenhum, só reclama mesmo. E ainda fica rindo de quem reclama mais que ele, pois acha que é um exagero hahahahhaha
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ótimo Texto Lú! deve ser o maior barato escutar seu pai contando as histórias sobre o Cruzeiro.
abraço!
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É sim =P Ele não tem hora pra parar.
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Deve ser igual meu avô quando me conta – mais de uma vez – histórias e histórias (repetidas ou não) sobre os jogos do Cruzeiro. Cruzeiro da década de 60, de 70, jogos de 80, coisas que eu não lembro no início da década de 90. Sem contar minha avó que fez meu avô comprar os jogos do Cruzeiro no canal fechado só pra poder assistir a todos, juntamente com suas reprises… ❤ é disso que um time é feito, de velhos torcedores e suas histórias – do seu jeito – de amor pelo clube. Ah, Cruzeiro! ❤ ❤ ❤
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