Argumento de carne e osso para dizer que esse time não cai

No futebol, temos muitos parâmetros para gostar ou não de um jogador: habilidade, qualidade, identificação, marketing e etc. Eu escolhi gostar de quem gosta de mim. Não como aqueles contos egoístas de textões de redes sociais para melhorar a autoestima, mas digo no gostar o tanto quanto gosto mesmo. É sentir o desespero que sinto, a tristeza que fico e a alegria que tenho pelo meu time.

Agência i7

Foto: Lucas Bois

Se tem uma coisa pra reclamar desse elenco, talvez, é que treine mais. Não concordo que falte “vontade”, pelo contrário: acho que talvez tenha mais vontade do que técnica e técnico.

Nunca escondi a minha “falta de amor” ao Mano talvez por um rancor dele ter nos negado algumas vezes e como seus times jogam com o freio de mão puxado, que opta empatar ao invés de arriscar ganhar. Porém, desse elenco eu realmente gosto. Ter unanimidade pra mim no elenco é difícil e esse, estranhamente, me conquistou. Até do Allano, o querido odiável por vocês, eu curtia.

Se eu fosse jogadora no meu time, não sei se teria perna pra 90 minutos, mas tentaria e cairia ao chão no fim de tanto cansaço. Se perdesse um pênalti, pediria pra bater o seguinte só pra mostrar que eu queria fazer aquilo. Assumiria a braçadeira de capitão como se ela sempre fosse a minha. Aguentaria o banco e entraria em campo pra ajudar como se fosse a oportunidade de ouro para mostrar serviço. E comemoraria cada gol como se fosse aquele da bola de ouro no último minuto da segunda prorrogação num mata-mata.

Claro que escrever isso aqui é fácil demais e o difícil é fazer, assim como dizer que nunca sairia por dinheiro para o submundo do futebol e dois meses depois receber uma proposta. Se eu teria coragem de bater um pênalti depois de ter errado um numa fase de mata-mata diante de 35 mil pessoas? Não, não sei se conseguiria. Mas tem gente aí que foi lá e fez.

E por isso eu gosto deste elenco. A diretoria errou demais, o técnico continua errando. Mas esse elenco só tem vontade de acertar.

Agência i7

Agência i7

O lateral contestado, no último minuto de jogo, consegue sair da zaga e ir levando a bola, enquanto os 35 mil o xingava prevendo um desastre. E ele vai. Vai tanto que consegue um escanteio. Talvez, no meu nervosismo, eu já teria perdido a bola no meio do campo. Mas ele foi e fez melhor.

Diante de todas as mãos pedindo o fim do jogo, o atacante badalado que vinha sendo substituído e vaiado, isola a bola pra lateral mandando um recado claro que dele não passava. E pediu o apoio da torcida. Pra acalmar os nervos enervando, ele foi lá e fez também.

Eles erram porque não é culpa deles. É a falta de tempo pro treino, é o cansaço, é a pressão, é o posicionamento errado, é a falta de entrosamento num bom elenco formado tardiamente após erros da diretoria, mas não por culpa desses jogadores. Eu diria, desculpa os juristas, que eles possuem uma espécie de “erro culposo”, aquele que não tem intenção de errar.

Agora chegamos a um ponto de máxima fadiga ao qual teremos que lutar para não cair e lutar por mais um título da Copa do Brasil. Como em 2014, mas por um lado com situação inversa, eu confio que esse elenco vai dar o máximo que se pode dar porque não podemos ter meio termo mais. E, como eu sei disso, eles também sabem.

Eu procurei argumentos para dizer que esse time não cai e encontrei. Eles são de carne e osso, sentem o que sinto e honram a camisa que vestem.

Fotos: Agência i7